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Enquanto a lua nos espia

sexta-feira, 1 de março de 2013


Esperei um ano até que tudo se repetisse novamente. Impossível não lembrar de como foi a primeira vez. Nós dois, meros desconhecidos que se encontraram. Caminhamos, conversamos... nos beijamos. O coração tão acelerado que dava para sentir o seu pulando, quase encostado ao meu, enquanto nos abraçávamos. 

Caminhamos na orla de Ipanema durante a noite, observamos as pessoas, os detalhes, tendo apenas uma amiga como testemunha. Tiramos fotos, os registros daquele acontecimento. Na hora de partir, nos despedimos primeiro da amiga-testemunha e ficamos a sós: eu, você e a luz dos postes que iluminavam a avenida. Carros iam e voltavam, pessoas passavam, mas eu já não ouvia mais nada, somente o som da sua voz. Você segurou minha mão, olhou nos meus olhos e me deu um lindo beijo, cheio de ternura. Fiquei surpreso e feliz, me senti lisonjeado com esse gesto não esperado. Você foi embora, me mandou mensagem e chorou quando se deu conta do tamanho daquele sentimento, daquela sensação. Eu também parti. E deixamos em aberto o desejo comum de caminharmos de mãos dadas um dia... você e eu.

O tempo passou, até que você novamente cruzou o meu caminho. Ironia do destino, por tantas vezes desejei você aqui comigo e, quando eu menos esperava, você surgiu. Sim, destino travesso que nos prega peças.


Uma noite, o reencontro. Um diálogo repleto de gestos contidos, de quem não sabia como agir. Nos despedimos com a certeza de que teria mais um pouco disso, só um pouco mais. Sozinho na rua eu percebi o quanto aquilo ainda era forte, o quanto era grande em mim. Senti uma falta de ar -- "Você me tira o ar" lembra? --, os olhos brilharam só de pensar que não era sonho. Dormir foi difícil, pois tudo se resumia ao que poderia ou não ser dito ou feito no dia seguinte.

A última noite, nossa segunda e última noite. Aquela conversa séria que era tão aguardada, a chance de expor tudo o que sentíamos, um ao outro. A sinceridade se fez presente e as palavra fluíram e verbalizaram-se em sons, alcançando os seus ouvidos. A minha chance de ser sincero olhando no fundo dos teus olhos. Vieram as novidades que não me agradaram. Um outro alguém.

"nos gostamos... sim... nos gostamos... 

mas isso não é suficiente para te manter aqui..."

Com o fim das conversas, mais uma caminhada. Sem muitos contatos, sem tanta aproximação. Começa a chover inesperadamente e, no susto, nos enfiamos rapidamente embaixo do mesmo guarda-chuva.. Olha o destino aí, conspirando novamente. Eu e você abraçados, andando como um casal, o contato mais próximo que eu pude ter. A noite estava terminando, novas fotos para registrar esse novo encontro, assim como fizemos a um ano atrás. Eu, você e a lua novamente... como um abajur num céu entre nuvens. Todos os sons cessaram enquanto você estava ali. Nos abraçamos, fizemos promessas de um novo encontro, quem sabe um dia, em breve, então me virei para partir. Mas isso não era suficiente.

Voltei atrás, segurei seu rosto e dei um beijo do lado direito da forma mais intensa que eu poderia ter dado, afinal, todos os meus sentimentos estavam ali, naquele único gesto permitido. Soltei o seu rosto, olhei nos teus olhos e disse: "Se um dia quiser um desses em outro lugar, você sabe como me encontrar". Dei uma piscada e me virei para noite... andando e sorrindo. Só por um instante pensei no seu olhar surpreso com a minha reação. Registrei aquela cara espantada que não foi clicada em fotos, mas não sai mais da minha mente.

Nosso encontro chegou ao fim. Me enchi de sentimentos bons. Todavia, cedo ou tarde a gente para e pensa: o que eu devo fazer agora? Eu ainda não sei responder. Me sinto bem, me sinto feliz, porém é estranho dizer que me sinto assim. Ainda tenho aquele desejo súbito de andar contigo de mãos dadas, sabe? Como a um ano atrás, como nós dois queríamos.

Ainda me sinto meio sem ar. Talvez quando eu deixar que as lágrimas saiam, essa sensação possa acabar. Talvez um dia eu entenda o porque de tudo isso, talvez...

[ainda quero caminhar de mãos dadas contigo]

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