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Poema Sujo, de Ferreira Gullar

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Hoje, no Clássicos, falamos sobre Poema Sujo, o mais conhecido poema de Ferreira Gullar, também considerado um dos mais importantes do último século.


Poema Sujo é um dos mais importantes poemas do século XX, escrito pelo Maranhense Ferreira Gullar, pseudônimo de José de Ribamar Ferreira.

Foi escrito em 1975, enquanto Gullar estava exilado em Buenos Aires, depois de ter sido exilado, também, em Moscou, Santiago do Chile e Lima.

Nasceu da necessidade de Gullar registrar o seu último poema. À época, momento tenso no Brasil devido ao golpe militar uma década antes, em 1964, militares brasileiros tinham a autorização de entrar em Buenos Aires para capturar os exilados.

Diariamente, cadáveres eram achados, pessoas desapareciam. A sensação de segurança, que antes já era quase impensável, naquele momento fez-se nula.

Gullar, antes disso, já havia tentado escrever sobre o tempo que passou em São Luís do Maranhão em prosa poética, em crônicas e contos, mas nunca obtivera sucesso. Nunca havia tentado a poesia, pois não achava que fosse o estilo correto, com espaço necessário, para tal relato.

No entanto, diante de tal repressão, Ferreira, em maio de 1975, põe-se a escrever o Poema Sujo.

Nele Gullar fala de saudade, de vontade e de detalhes. Poema Sujo é uma descrição exata da cidade maranhense pelos olhos do poeta. Sem mais nem menos. Não há eufemismos descabidos, nada é diminuto. Tudo o que se lê é verdadeiro, pulsa e faz crer que aquela é a única visão que se pode ter da cidade.

São poemas dentro de poemas. Trechos que, aparentemente não se relacionam, mas que se mostram exatos ao término de sua leitura. Vemos a cidade, as pessoas, as noites. Detalhes tão ricos, tão vividos, que há uma viagem, uma necessidade de estar, de partilhar a dor e a saudade.

Segundo o próprio autor, o poema nasce da necessidade de vomitar tudo o que o comovia. Exilado e sem ter muitas ocupações, qualquer coisa que tocasse, e que o lembrasse de sua terra, tornava-se poesia, tal como a um Midas.

O poema foi escrito entre maio e agosto de 1975, sendo publicado no Brasil, com a ajuda de uma intensa campanha de Vinicius de Moraes, em 1976. Foi por conta dele que  Ferreira Gullar pode voltar ao Brasil, depois de grande comoção entre artistas, jornalistas e o regime militar vigente.

Poema Sujo é um poema necessário, há que se ler para entender a saudade, o detalhe, a vontade de regresso.



SOBRE O AUTOR

Ferreira Gullar nasceu em 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luís do Maranhão. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 21 anos, depois de ter vencido concurso de poesia promovido pelo Jornal das Letras, ainda em São Luís.

Já no Rio, começou a colaborar com revistas e jornais, inclusive como crítico de arte. Com A Luta corporal, livro de 1954, abre caminho para a poesia concreta, grupo do qual participou e do qual rompeu para a criação do neoconcretismo, em 1958. Organizou, liderou e redigiu o manifesto do grupo, o famoso ensaio: Teoria do não objeto.

Vencedor de grandes prêmios, destacam-se o Prêmio Jabuti; prêmio pelo conjunto da obra da Fundação Conrad Wessel de Ciência e Cultura; Machado de Assis, da ABL; e o Prêmio Camões, considerado a maior premiação para escritores de língua portuguesa.

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