Hoje temos uma convidada na coluna! A digníssima Verônica Hiller, do .girl sets fire. nos traz "As Virgens Suicidas", escrito por Jeffrey Eugenides e dirigido por Sofia Coppola.
"Nunca conseguimos entender por que as meninas queriam tanto ser maduras, ou porque se sentiam na obrigação de elogiar umas às outras, mas às vezes, depois que um de nós lia algum trecho mais lingo do diário em voz alta, precisávamos lutar contra o ímpeto de nos abraçarmos ou de dizermos um ao outro como éramos bonitos. Sentimos o encarceramento de ser uma menina, como isso deixava a mente ativa e sonhadora, e como elas acabavam sabendo naturalmente quais cores combinam melhor. Ficamos sabendo que as meninas eram gêmeas nossas, que todos existíamos no mesmo espaço como animais de peles idênticas, e que elas sabiam tudo a nosso respeito embora não entendêssemos coisa alguma sobre elas. Ficamos sabendo, enfim, que na verdade as meninas eram mulheres disfarçadas, que compreendiam o amor e também a morte, e que o nosso trabalho era apenas gerar o ruído que parecia fasciná-las."
Primeiro filme dirigido 
por Sofia Coppola (Maria Antonieta, Encontros e Desencontros), 
ambientado numa pacata cidade norte-americana na década de 70, As 
Virgens Suicidas é um romance no mínimo intrigante.
Cinco jovens 
irmãs, Therese, Mary, Bonnie, Lux e Cecília, filhas do professor de 
matemática da escola da cidade e de uma religiosa assídua, criadas sob 
duras restrições sociais, morais e religiosas, sempre despertaram a 
curiosidade de seus vizinhos adolescentes, que nutriam uma admiração 
distante e platônica por elas - e que começam a despertar a curiosidade 
da vizinhança inteira quando a irmã mais nova, Cecília, de 13 anos, 
tenta se suicidar. Talvez como um pedido de socorro, Cecília só 
explicita o resultado da severa criação que essas meninas recebem do 
pais, principalmente da mãe. Após este ocorrido, os vizinhos das meninas
 Lisbon começam a investigar o cotidiano delas, tentando achar uma 
explicação, além da religiosidade sufocante da mãe, para a melancolia 
que envolvia a vida dessas jovens, sendo eles, assim, os narradores da 
história. Mas mesmo podadas do convívio social com outros adolescentes 
além da escola, as meninas Lisbon não deixam de exalar o furor feminino,
 com sua sensualidade juvenil e intoxicante, que ganha uma forma 
concreta na personagem de Lux Lisbon (Kirsten Dunst), a irmã do meio de 
14 anos.
A história nos apresenta também a chance de viajar pelo 
mundo caótico e sonhador das meninas se tornando mulheres. Através de 
camas de dossel e cosméticos bagunçados no armário do banheiro, quase 
sentimos a o odor abafado de cinco adolescentes confinadas numa casa só,
 e espreitamos o mistério e a sensibilidade encantadores do universo 
feminino.
No filme, conseguimos identificar as características 
cinematográficas recém-nascidas de Sofia Coppola que, futuramente, 
ficarão encantadoramente maduras em Maria Antonieta. Já no livro, 
enxergamos o tom descritivo e pungente de Jeffrey Eugenides (Middlesex, A
 Trama do Casamento) que, pessoalmente, é o que sublima essa obra que, 
através da melancolia e lirismo, critica veemente os valores e padrões 
da sociedade estadunidense da época.
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filme maravilhoso, deu até vontade de ver de novo. ;)
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