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A Sétima Arte #2: O Natimorto

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Natimorto é uma história de tirar o fôlego. Mas não de um jeito bom. Feito um cigarro muito forte. 

Com diálogos prolixos e conversar muito bem fluídas, O Natimorto nos traz uma História com um quê tarantinesco. A obra vale à pena só por causa dos diálogos. Mas não é só de conversas geniais que o filme se faz. Diferentemente de Tarantino, O Natimorto é repleto de referências ao mundo místico do Tarot. 

Com interpretações da curitibana Simone Spoladore (Lavoura Arcaica) e do próprio Lourenço Mutarelli (O autor do livro), o filme é dirigido por Paulo Machline. Em meio a cigarros e mais cigarros nos é contada a enevoada história de um agente musical que encontra em uma garota a voz perfeita, chamada de A Voz. Mas há um problema, apenas o Agente é capaz de ouvir o que ela canta. Ao levar a Cantora para um jantar em sua casa sucede-se uma discussão entre o Agente, sua mulher, e a Voz. Após a briga o Produtor decide morar em um hotel com A Voz. O que se sucede a partir daí é uma trama de cíume, descontrole e vício. Mutarelli nos traz um personagem complexo, cheio de entrelinhas e impressões. Toda a história passa-se praticamente dentro do quarto de hotel, tornando tudo ainda mais claustrofóbico. 

Misturando prosa, poesia, e elementos de escrita teatral, Mutarelli desenrola a história em um ritmo acelerado. Toda a trama enreda-se o misticismo das cartas de Tarot. O Agente, fumante de um maço de cigarros por dia, por ter tido uma tia que tirava cartas, começa a correlacionar as imagens dos versos dos maços de cigarro com os arcanos do Tarot. Tendo assim a sorte do seu dia baseada em seu maço de cigarros. E os cigarros são um ponto muito importante na história, pois a história é marcada em carteiras de cigarro, cada dia que passa é uma nova, cada dia que passa é outra sorte. 

O Natimorto é uma história mesmerizante, daqueles livros em que se lê em uma sentada. Mas não espere sair ileso dessa história, ao primeiro cigarro que você respirar você vai sentir-se carregado pela trama que nos faz ver o quão egoísta um sujeito pode ser. O Natimorto é o tipo de filme que nos faz sentirmos muito mais humanos, muito mais cientes da nossa condição como humanos, e isso não nos deixa mais felizes. O Natimorto é uma história que muda quem a vê.

"Se você quisesse a gente podia dividir o mesmo maço, e assim nós teríamos o mesmo destino juntos."

Natimorto, trailer.

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